quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Onde tudo começou

O Recreio

Um minuto. Trinta segundos. Quinze. Dez. Cinco.

Triiiimmmm

Mal soou a campainha e a molecada correu para fora da sala de aula. Primeiro os meninos. Cada um para um lado. Correndo como loucos. Um deus-nos-acuda.

Após alguns segundos e a aprovação de uma das garotas, elas também saíram correndo da sala. Todas. Menos uma. Justamente a que havia dado o sinal. Esta saiu calmamente e sentou-se no banco a observar, entre risos, toda aquela confusão.

Seus longos cabelos dourados, presos por uma faixa roxa deixavam seu belo rosto à mostra. Olhos verdes, nariz pequeno e delicado assim como sua boca.

Vestia uma blusa roxa gola em “v”, com os colarinhos e punhos levantados. Prevaleciam detalhes em dourado que combinavam com o cinto da mesma cor que ficava sobre a blusa. As pernas eram cobertas por uma calça legging também roxa que ficava por dentro da bota dourada até o joelho.

Suas mãos, calçadas por luvas douradas, seguram um chicote de cabo dourado e tiras pretas.

Voltando à correria e confusão.

Os meninos não tinham mais por onde correr. O espaço era reduzido. Alguns tentavam se esconder. Outros pararam e ficaram a esperar. As meninas se aproximavam. Corriam em suas direções. E eles se desesperavam. Pareciam fugir delas. E tentavam. Alguns conseguiam. Outros não.

Ao simples toque de uma garota, o rapaz se prostrava de joelhos e recebia uma coleira em volta do pescoço e por ela era levado de volta à classe. Este era o comportamento geral daqueles que eram alcançados. Prostravam-se e não resistiam ao encoleiramento.

Parecia ser esta a regra do jogo e, em pouco tempo, todos os garotos foram trazidos de volta à sala de aula.

Só então, a garota dos cabelos dourados, vestida estranhamente de roxo, levantou-se e adentrou a sala, onde encontrou todos os garotos perfilados contra a parede.

Parou em frente a uma cadeira e foi recebida por outra garota que lhe entregou algumas pedras.

O primeiro garoto capturado foi conduzido até a cadeira e sentou-se. Várias garotas o cercaram e seguraram de maneira que seus braços ficassem esticados e suas mãos espalmadas. Ele parecia não oferecer resistência.

A garota vestida de roxo segurava uma pedra em cada mão e as raspava uma contra a outra. Após algum tempo encostou-as nas mãos espalmadas do garoto, que inutilmente contorcia-se na tentativa de escapar.

Com um largo sorriso no rosto, voltou a esfregar as pedras e agora as apertou contra os braços do rapaz. Após algumas outras “aplicações” o garoto foi levado para o fundo da sala de aula, sentou na carteira de estudo e lá permaneceu quieto e cabisbaixo.

Assim sucedeu-se aluno após aluno até chegar minha vez.

Duas garotas me conduziram até a cadeira, onde fui dominado por várias outras. Meus braços estendidos e minhas mãos abertas.

Luciane, este era o nome da dona das pedras, estava compenetrada e mexia suas mãos com rapidez. Então, percebeu-se da minha presença e sorriu-me. Retribuí com outro sorriso.

Parando de esfregar as pedras, aproximou-se e as cravou em minhas mãos. O calor emanado pelas pedras me queimava. Ela as segurava e só após alguns longos segundos as retirou.

Enquanto curtia a minha dor, ela voltava a esfregá-las. Novamente me olhou e voltou a sorrir. Desta vez não retribuí, pois o medo e a dor me impediam. E novamente cravou as pedras em minha pele. Desta vez nos braços, que receberam mais algumas outras queimaduras.

Logo a minha sessão acabou e fui conduzido para a minha cadeira, onde esperei que os outros garotos levassem também o seu castigo, para que enfim a aula pudesse continuar normalmente.


Considerações:

Esta era uma cena que imaginava quando criança, em torno de meus 5 anos, quando ainda estudava no pré primário (nem sei se isto ainda existe). Adorava fugir da realidade e ficar viajando na imaginação. Fazia isto frequentemente, mas esta foi a primeira vez que teve algum cunho sexual.

Alguns detalhes foram acrescentados, outros omitidos, outros esquecidos e outros fantasiados. Não me lembro ao certo o que imaginava e o que inseri na minha lembrança ao longo desses mais de vinte anos.

A história é até bobinha, não tem nada de espetacular, mas me mostra que desde muito cedo já tinha minhas preferências. O tempo e o conhecimento trataram de aflorá-las e lapidá-las, mas sem pôr (phoda-se a reforma ortográfica, eu gosto de acento sim, e daí?) um ponto final, pois ainda estou longe de conhecer toda a minha sexualidade.

As pedras em questão, não são pedras. Acredito que tratam-se de sementes. Na minha infância chamava-as de olho de boi (acho que era isso – quem quiser pode jogar no google – eu não tive paciência para isto). Esfregava-se uma contra a outra, elas esquentavam e era só queimar seu primo chato ou deixar a priminha te queimar...

A descrição da roupa da Luciane, acho que não foi muito bem feita, mas acredito que alguns chegaram a imaginá-la. Porém, apesar de todo aquele roxo e tudo mais ela não estava fantasiada de “Super Gêmeos – Ativar” (se os mais novos boiarem, jogue no google). Poderia até ser parecido, mas era incrivelmente mais sexy.

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