segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Minhas tardes na casa da colega de escola - Pt 01

Minhas Tardes na Casa da Colega de Escola - Pt 01



Até aquele dia, mal olhava para minha cara. De repente, o convite para estudar em sua casa. Estranhei, mas fui. Afinal, ela era linda demais para se dizer não.

Sentados à mesa na copa, disse que sua mãe trabalhava até tarde e que estávamos sós em casa. Abrimos os livros e começamos a estudar para a prova de matemática. Na verdade, eu nem ia estudar. Durante todo o coleigal seria assim. Ia passar a tarde no futebol. Mas não tive como recusar.

Em menos de meia hora, disse que já sabia o suficiente, estava cansada e que tinha coisa melhor para fazer.

"Já que está aqui mesmo, você pode me ajudar" - abrindo um estojo -
"Abre" - me entregando o vidro de acetona e um chumaço de algodão -
"Agora é só passar nas minhas unhas e tirar o esmalte" - estendendo sua mão esquerda, enquanto com a direita ligava a tv pelo controle remoto.
Percebendo minha hesitação - "Abre, molha o algodão e passa nas unhas. Não é difícil"

Sem muito pensar, a obedeci. E ela, então, voltou-se para a tv.
Nunca tinha feito isso. Não deve ser difícil mesmo. É só esfregar um pouco.

"Assim não, meu bem" - tirando o algodão da minha mão -
"Tem que ser mais forte, senão não sai" - me mostrando como se faz.
"Desculpe" - saiu da minha boca de maneira inconsciente.
"Você aprende... " - sorrindo e pela primeira vez me olhando diretamente nos olhos.

Este olhar me desconcertou. Eu não consegui reagir direito.

"Vai. Continua. Quer que eu desenhe ??!!"
"Não, não... não precisa" - baixando a cabeça e continuando a limpar suas unhas.

"""Um pouquinho mais forte... cuidado para não apertar demais... isso... assimm..."""

"Terminei" - todo feliz -  "Veja se está bom."
"Razoável" - fazendo carinha de nojo -
"Você vai ter que melhorar viu" - me estendendo a outra mão.
"Desculpe"
"Já te disse. Você vai aprender... Não se preocupe"
- mas dessa vez sem me olhar... estava entretida com a tv.

"Pronto. Acho que está melhor que a outra"
"Está sim...  mas ainda não o suficiente" - pegando o algodão -
"Deixe que eu mesma termino" - em um tom enfezado -
"Presta atenção aqui. Tá vendo como se faz ?? Não precisa ser gênio..."
E rapidinho ela terminou o que demorei vários minutos para fazer... mal feito.

"Pronto... Agora sim..." - satisfeita -
"Viu como ficou??" - mostrando-me suas lindas mãos -
"Da próxima vez quero que fique assim..." - olhando-me diretamente nos olhos -
"Estamos entendidos???" - com cara de muito brava...

Quando eu ia concordar e pedir desculpas novamente...
"Tô te assustando né ??!!" - gargalhando -
"É brincadeira... não sou tão ruim assim não... Você vai ver..."

""" Eu ? Vou ver o quê? Do que ela tá falando? Não tô entendendo nada... Aliás... eu já não sei de mais nada..."""

"Olha aqui" - me pegando pela mão - "Qual você gosta mais?" - me mostrando uma caixa cheia de esmaltes -
"Este? Ou este? Este é lindo, não é?? Ahhhh ... e este então?? O que você acha?"

"Ahnnn... ééé.. eu gostei mais deste aqui..."

"É lindo, não é? Adoro ele... mas hoje não quero ele não..."
"Se você tivesse feito seu trabalho bem feito, eu poderia até usar para você..." - falando com biquinho -
"só que você foi incompetente e fez tudo errado" - agora me olhando e tocando com a ponta do dedo no meu nariz -

"Mas..   como eu gosto de você...   quem sabe eu não te dou uma outra chance..." - e eu hipnotizado, quase babando -
"acho melhor você ir treinando, viu" - e o dedo novamente no meu nariz -
"para não me decepcionar de novo" - e o dedo mais uma vez -
"e pior..." ai esse dedo -
"...para não me irritar de novo..." - afastando meu rosto

"já que você não serve, ainda, para fazer minhas unhas, eu mesmo terei de pintá-las" - batendo com a mão na cadeira -
"Então, senta aqui mais pertinho e aprende como se faz"

Em poucos minutos, mesmo parando para me explicar todos os detalhes da pintura, estavam prontas.

"Pronto... Agora guarda tudo nos estojos, enquanto eu espero o esmalte secar" - apontando para a mesa -
"Isso... Coloca em cima daquela prateleira" -  voltando-se para a tv -
"Ah... aproveita e busca um copo de água para mim..."

...copa - cozinha - copa...

"Obrigada... que amor..." - toda dengosa -
"Argh... tá muito gelada" - toda nervosa -
"Não dá para beber assim" - esticando o braço com o copo em minha direção.

Mais que depressa corri para a cozinha e trouxe água novamente.

"Quase no ponto. Na próxima acho bom você acertar viu" - séria -
"Você ainda tem muita coisa a aprender. Passar esmalte, acetona, a água ..." - agora sorrindo -
"Será que você consegue ???"

- e antes de conseguir responder que sim, que claro que sim -

"Brincadeirinha... ... você está sendo um amor comigo hoje... e eu muita chata com você, não estou?"
"Não, não... Claro que não... está tudo bem... é só brincadeira... eu sei... eu sei..." - acenando positivamente com a cabeça.
"É mesmo?" - toda manhosa -
"Então, só mais um favor... leva o copo na pia para mim..." - biquinho -
"por favor..." - assim eu não resistia.

Coloquei o copo na pia, virei e dei de cara com ela entrando na cozinha correndo.

"Ai meu Deus !!! A louça !!! Esqueci de lavar !!!" - com carinha de choro
"Se não lavar minha mãe me mata !!! Agora já passei esmalte !!! Ai meu Deus"

 - que dó ... fiquei comovido -

"Calma Cris... eu lavo rapidinho... não se preocupa não"
"Sério?? Ah... que fofo..." - dando um beijinho na minha bochecha -
"O detergente e a bucha estão aí embaixo, viu..."
- afastando-se, virando-se, voltando para a sala e me deixando ali sozinho...

"""Aff... que furada... mas pelo menos valeu o beijo..."""

Terminado os talheres, pratos e copos, ia começar as três panelas imundas.

"Que lindo, minha empregadinha já está terminando !!!"
- virei para ela com cara de quem não entendeu -
"Brincadeirinha... Ahhh... sua camiseta está toda molhada"
"Espirrou um pouco de água só" - na verdade eram só respingos.
"Não... Não quero que você se suje" - abrindo uma gaveta -
"Olha só. Veste por cima para não te molhar" - mostrando um avental bege com alguns babados brancos.
"Não... não precisa... molhou um pouco só"
"Não gostou deste? Tem este outro aqui. Só achei que aquele combina mais com você. Se quiser trocar??!!"
"Não precisa de avental não. Está bom assim"
"Deixe que eu coloco em você" - me abraçando por trás e vestindo o maldito avental.

Não tive reação. Só ereção. Sentindo o seu perfume, sua respiração, seu corpo colado ao meu enquanto passava o avental pelo meu pescoço e apertava a tira em volta da minha cintura.

"Pronto... Agora não vai mais se molhar" - e me olhando de cima a baixo -
"Realmente, este combina mais com você" - e fazendo sinal com o dedo -
"Vira de costas um pouquinho" - e surpresa com a minha cara de surpresa -
"Só uma voltinha vai... para eu ver como ficou" - meia volta volver
"Isso... ficou lindo" - batendo palmas -
"Agora pode continuar" - voltando para a sala.

...cozinha - copa...

"Pronto Cris. Terminei"
"Já ?!! Você é bem rapid... Ahhh... porque tirou o avental??? Tava tão lindo..."

e pela primeira vez me alterei um pouco e fiz cara de quem não gostou

"Calma..." - aproximando-se -
"Estava brincando" - agora com meu rosto entre suas duas mãos -
"Não precisa ficar bravo" - e com seus lábios quase colados aos meus -

"Isso..." - um selinho de leve - "Foi por me ajudar a estudar"

"E isto..." - outro selinho, só que mais forte e demorado - "Por lavar a louça"

"E este..." - de língua e mais demorado ainda - "É por ter ficado tão lindinho de avental"

"Pena que você tirou..." - me afastando e me deixando sem reação.


Quando voltei ao planeta Terra, ela ja vinha com minha mochila nas mãos e me conduzia em direção à porta.

"Está tarde." - me dando mais um selinho e com a porta fechando na minha cara -

"Já é hora da empregadinha ir embora"

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Post 3 - Colegial, Sinestesia e uma Cadeira

Colegial, Sinestesia e uma Cadeira


Estava ainda no primeiro colegial. Há alguns vários anos atrás. Como o tempo passa rápido. Ainda era um molecote. Os pêlos brotavam na pele enquanto os hormônios explodiam dentro do meu corpo e implodiam meu juízo.

As conversas com os colegas quase sempre sobre o mesmo tema: garotas. Eram o centro de nossa atenção. Eram sempre olhadas e desejadas e, frequentemente, homenageadas.

Adorava falar sobre elas. Mas nunca o que realmente me atraía naquelas delícias. Seria suicídio. Hoje, neste mundo mais do que pós-moderno, talvez conseguisse encontrar um companheiro de preferências para partilhar meus delírios. Há quinze anos atrás seria improvável.

Mas voltando à sala de aula. Sentava-me no fundo e de lá ficava observando os acontecimentos e os seus personagens. Um em especial. Uma garota.

Seu nome era Márcia. Estatura mediana. Cabelos lisos, compridos e levemente dourados. Não tinha um rosto muito bonito, mas o conjunto era belo. O seu principal atrativo era a bunda fortemente comprimida pelas apertadas calças que vestia. Não era grande, nem larga. Tamanho médio. O que me atraía era o fato de ser bem saliente e empinada. E parecia ser bem durinha.


Estava vidrado naquele par de nádegas. Acompanhava-os com o olhar. Imaginava a textura, rigidez, maciez daquele tesouro. Em menos de um mês de aulas, não conseguia pensar em outra coisa.

Procurava me aproximar dela, mas não tinha muito sucesso. Ela era popular. Eu um zé mané. Até conversávamos bem, mas havia outros mais interessantes. As poucas vezes que ficávamos próximos não parava de pensar em sua deliciosa bunda. A única coisa que me desviava a atenção era o seu perfume que entrava em minhas narinas e se apoderava do meu cérebro.

Se ficava entorpecido com seu perfume, imaginava então como seria o cheiro daquele par de nádegas que me fascinava. Foi então que decidi tirar esta dúvida. Como não podia simplesmente enfiar meu nariz na sua retaguarda, teria que cheira-la de maneira indireta.

Era uma terça feira. Tínhamos aula à tarde. Só a nossa classe. Pra variar só alguns gatos pingados apareceram. Ela e eu, inclusive. Vestia a camiseta do uniforme. Cinza. Malha fria. Horrível. E uma calça jeans onde na região da bunda a sua coloração ficava mais clara, mais desbotada. Era incrivelmente apertada. Tanto na bunda quanto nas pernas. Não sei como ela se movia. Só de olhar me sentia sufocado. Não pela sensação de aperto, mas pelo tesão que sentia em ver aquela bunda quase explodindo e estourando as costuras da calça.

Sentou-se no meio da sala e eu no fundo. Fiquei observando. E esperando a aula terminar. Foi uma tarde longa. Muito longa. Até o sinal tocar e todos irmos embora.

Todos não. Um havia ficado um pouco mais. Precisa de um tempo extra. Para esclarecer algumas dúvidas ainda não esclarecidas. Teria a sua bunda o mesmo perfume que exalava o seu corpo?

Quase lá fora, notei que havia esquecido o estojo na sala de aula. Descuidado. Como estudaria à noite sem o meu estojo? Descuidado.

Voltei. Sozinho. Entrei na sala. Ninguém dentro. Verifiquei se alguém me acompanhava. Ninguém fora. Caminhei em direção às cadeiras e mesas. Terceira fileira da janela para dentro. A porta ficava na parte de trás da sala. Era comprida e estreita. Quarta cadeira da lousa para trás. Aí estava.

Mais uma vez olhei para a porta. Ninguém. Havia encostado-a. Apesar de ter a chave na fechadura não a tranquei. Não precisava.

Voltei meus olhos para a cadeira. Tirei a minha mochila e deixei no chão. O mesmo chão em que me ajoelhei e de onde novamente olhei para a porta.

Respirei fundo e soltei quase todo o ar em meus pulmões como querendo esvaziá-lo por completo.

Aproximei meu rosto ao assento da cadeira. Quase tocando-o. Não ousava respirar. Queria me aproximar mais. Ficar bem perto. Fechei os olhos e senti meu nariz tocar a madeira envernizada. Cerrei os dentes e liberei minhas narinas. Inspirei lentamente e logo senti um delicioso odor invadir meu nariz, meu cérebro, minha mente.

Mais uma vez. Bem lenta e profundamente. Enchendo os pulmões. Demorei a relaxar a musculatura e liberar o ar. Queria aproveitar ao máximo aquele momento.

Inspirei mais uma vez. E outra. E outra vez mais. Não mais lentamente. Agora desesperadamente. Freneticamente.

Meu nariz percorria o assento a procura das regiões mais cheirosas. Minha boca acompanhava o ritmo nasal e tocava cada centímetro daquela cadeira. Queria lambê-la, mas minha saliva tiraria o cheiro. Tinha que me controlar.

Minha ferramenta também queria participar. Estava armada. Pronta para explodir. Minha mão a encontrou, mas desistiu da idéia. Era melhor se concentrar apenas no olfato. Agora era só meu nariz. Com suas duas narinas. Trabalhando. Cheirando. Sugando ar sem parar. Como se fosse a última porção de oxigênio disponível no planeta. Como se fosse um último respiro. O último com aquele odor. Aquele que me atordoava.

Então ele chega. O último respiro. Acabou-se o cheiro. Acabou-se o momento. Sobrou apenas oxigênio. Não me interessava mais. Encontraria em qualquer outro lugar.

Parei. Afastei meu nariz do assento. Ofegante. Inebriado. Dopado. Chapado. Meu pensamento se concentrava em lembrar do cheiro que havia me intoxicado. Nada mais.

Ajoelhado em frente à cadeira ainda não havia levantado a cabeça. Estava perdido nas lembranças e odores do momento anterior. Ainda respirava fundo na tentativa de reavê-los. Não conseguia. Havia acabado. Tanto o cheiro quanto o gozo que explodira sem que percebesse. Notava somente agora, ao senti-lo grudar e pesar em minha cueca.

Acordei do transe. Não sei quanto tempo passou. Só sei que foi pouco. Muito pouco. Mas o suficiente para tirar minha dúvida.

Não. O cheiro não era o mesmo. Era levemente diferente. O suficiente para torná-lo melhor.

Os odores mais íntimos misturaram-se ao seu perfume e ao de sua roupa. O cheiro de sexo sobrepunha-se aos demais. A mistura era irresistível. Impossível de não se apaixonar. Impossível de não querer mais.

Os sentidos se cruzavam. Experimentara o cheiro, mas podia sentir o sabor. O gosto de sua bunda. O gosto do seu sexo. Cheiro e gosto. Misturados. Juntos. Em minha boca, meu nariz e minha mente. Lá dentro, no escuro do pensamento, via sua bunda, estrangulada pelo tecido e costuras, sentia sua textura, seu calor e engolia minha saliva contaminada pela lembrança do cheiro do seu sexo.

O tempo que decorreu nestes delírios deve ter sido o mesmo que passei ajoelhado cheirando a cadeira. Estava em novo transe, mas logo a adrenalina baixou, assim como o meu instrumento. A respiração voltou ao normal e meus pensamentos também.

Levantei-me. Suspirei. Olhava fixo para a cadeira. Era só o que restava daquele tesão. Havia acabado. Por hora. Até quinta feira. Quinta feira teria mais. Se ela viesse, é claro. Eu viria. Com certeza. E ela? Não me deixaria na vontade. Se não quer me dar seu corpo, que pelo menos me dê seu cheiro. Nem que seja através da cadeira onde senta.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Post 2 - Alguns anos depois do recreio

A Festa Junina


Até aquela fria noite de junho minha sexualidade estava adormecida. Depois dos delírios de infância, passei um tempo hibernando. Não tenho muitas referências desta época. Nem sexuais, nem assexuais. Parece que realmente dormi todo este período.

Voltando àquela fria noite de junho, me encontro em mais uma festa junina que aquele mês nos reserva. Muita pipoca, amendoim, algodão doce. Quentão não. Ainda era uma criança. Não podia e não gostava.

Devia ter uns onze ou doze anos. Ou dez ou treze. Quatorze não. Nem nove. Nem mais, nem menos. Naquela época só queria saber de zuar com a molecada. Nem ligava para meninas. Elas eram chatas.

E eu tonto. Muito tonto. Até aquela noite. A noite em que acordei.

Em meio às tantas brincadeiras imaturas que praticávamos, alguém jogou minha carteira do outro lado da barraca de pesca. E lá fui eu busca-la.

Depois de alguma procura a encontrei. No chão. Sendo pisada por uma bota preta. Ajoelhei-me e a puxei. Ela não veio, mas uma bronca sim. – “Ei garoto! Está louco, é? Larga meu pé!” – “Não estou no teu pé não, sua louca. Quero minha carteira. Que você está pisando.” – ainda ajoelhado, tentando pegar minha carteira, mas sem olhar para a garota – “Quer sua carteira?” – e puxou-a com o pé – “Então vai buscá-la” – dando um bico na minha carteira que voou para longe.

Levantei-me com raiva, quase cerrando o punho (mas não iria bater em uma mulher, apesar de não gostar delas, na época) – “Sua filha duma...” – fechando a boca e segurando a língua, afrouxando o punho e abaixando a cabeça, assim como os olhos.

Não tive coragem de olhá-la. Não novamente. Com o coração disparado, a mente acelerada, um nó na garganta, a cabeça zonza e o corpo cambaleante saí em disparada.

“Ela foi para lá, seu tonto!” – gritou-me apontando, entre gargalhadas, a direção que deveria seguir.

A carteira. Nem me lembrava dela. Peguei-a e sumi em meio à multidão. Corri para um canto e encontrei um lugar para sentar. E pensar.

Por que não consegui falar nada para aquela filha duma? Nem consegui olhar para ela. Filha da. Que olhos ela tem, hein. Bem pretos. Como seus cabelos. Aff. Deveriia quebrar a cara dela. Para aprender. Não. Estragar aquele rosto de fada. Não, não. Aff.

“Hei, o que está fazendo aí sentado? Achou a carteira? O Hugo é um babaca mesmo. Brincadeira sem graça. Vamos para lá.” – Acordei, levantei e concordei. “É mesmo. Vamos.”

No caminho, avistei-a de longe. Era morena, baixa, cabelos bem pretos, lisos e curtos. Devia ser da minha idade. Vestia calça e botas sem salto, ambas de couro e pretas e uma blusa bem grossa de gola bem alta, também preta. O batom, bem escuro, destacava seu belo sorriso. Seus olhos pretos, um pouco puxados, sorriam em conjunto com sua boca.

Tentei mudar o caminho e desviar dela, mas não consegui e ela me avistou. Acompanhou-me com os olhos e, envergonhado abaixei a cabeça – “Marquinhôô, não estou legal, vou tomar um ar pra lá. Depois a gente se fala”. E sumi novamente.

Caminhei sem direção e sem conseguir esquecer daquele olhar que me perseguiu. Agora caminhei para bem longe. Onde não tinha mais ninguém. Queria ficar sozinho. Com meus pensamentos. E saber o porquê dela me incomodar tanto.

Sentado, com a carteira nas mãos, jogando-a de um lado para outro, fiquei algum tempo fora do ar. Até ela escapar entre meus dedos e cair logo à minha frente. Estiquei-me na tentativa de pega-la, mas não pude.

Mais uma vez ela se encontrava debaixo de uma bota preta. A mesma bota-preta-de-couro-sem-salto-estilo-montaria-com-algumas-tiras-laterais-presas-por-fivelas-prateadas.

“Que coincidência, hein! Novamente sob meus pés!” – desta vez olhando-a diretamente nos olhos, mantive meu corpo e braço esticados, sem mover um centímetro. – “Não vai falar nada não? Ou vou ter que chutá-la mais uma vez?” – tirando o pé de cima dela e preparando-se o chute – “Não!” – esticando o braço e alcançando a carteira com a mão, que agora era fortemente pisada pela mesma bota que pisara a carteira antes.

“Não vai falar nada de novo? Você tem algum problema hein?” – apertando o solado contra minha mão sobre a carteira. “Você é muito estranho. Acho melhor ir embora” – tirando o peso de cima de minha mão – “Não” – engolindo a seco a dor e a excitação que sentia – “Fique” – e parou, olhando-me com alguma surpresa que logo foi dissipada com um sorriso no canto da boca – “Por favor” – pisando novamente na minha mão e olhando naquela direção, que foi acompanhado também pelo meu olhar, para que depois se cruzassem novamente por alguns segundos que duraram uma eternidade – “Obrigado” – foi a única coisa que consegui pensar e falar.

“Assim vai doer suas costas. Ajoelhe-se. É melhor” – e sem pensar estava ajoelhado. Na verdade, curvado. – “Estique o outro braço. Não. Aqui. Perto da outra mão. Isso” – e conheci a sola da outra bota que usava.

Abaixei a cabeça e assim fiquei, imóvel, sem coragem de encará-la. Não sei quanto tempo passou. O suficiente para minhas mãos realmente doerem. Deu dois passos para trás. – “Estão sujas” – esticando a ponta da bota em minha direção – “Vou sair deste terreirão antes que as suje mais” – ameaçando virar-se e ir embora. – “Não. Por favor.” – em tom de súplica, olhando para seu rosto um tanto quanto surpreso – “Fique. Eu limpo”.

Novamente sorrindo e caminhando em minha direção, olhando-me nos olhos, de cima para baixo. Passou por mim. Caminhou ao meu redor. Parou na minha frente. Abaixei a cabeça. Mais uma vez não tive coragem de encará-la – “Então comece a limpar” – adiantando seu pé direito, encostando a ponta da bota em meus lábios e oferecendo-a para mim.

Senti o cheiro do couro. Meu sexo explodiu. Meu coração disparou. A língua escapou pelos dentes. Fez a boca se abrir e procurou o seu destino. Encontrou-o e no primeiro toque senti meu corpo fraquejar, a vista escurecer e a cabeça pesar. Respirei fundo, dei força ao corpo e à língua. Ela se esticou e percorreu alguns centímetros daquela superfície.

O cheiro. Agora o gosto. Que combinação. Entrei em transe. Principalmente minha língua. De maneira compulsiva e convulsiva percorreu desesperadamente cada pedacinho daquela delícia preta.

Nem percebi que ela havia abaixado o pé e o colocado de volta ao chão. Neste momento encontrava-me de quatro, lambendo freneticamente a bota de alguém que nem sabia o nome.

Ofereceu-me a parte de trás da bota e indicava com o dedo aonde deveria limpar. Satisfeita, ofereceu o outro pé e continuei meu serviço por mais alguns minutos.

Só despertei para a realidade quando retirou a bota de minha boca e deu dois passos para trás. Sem entender o que se passava e louco de vontade de continuar encontrei-a de pé olhando para mim. Abaixou os olhos e movimentando as pernas, conferiu o resultado do meu trabalho.

“Nada mal. Mas ainda vai ter que melhorar muito antes que deixe limpa-las novamente.” – olhando-me de maneira indiferente – “Eu melhoro. Eu prometo” – escapou-me, quase imperceptível – “O que? Não entendi nada. Mais alto” – franzindo a testa e com olhar de desaprovação – “Eu melhoro. Eu prometo. Eu vou limpar melhor” – ainda de quatro e implorando quase desesperado – “Isto nós vamos ver” – em um leve tom de ameaça.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Onde tudo começou

O Recreio

Um minuto. Trinta segundos. Quinze. Dez. Cinco.

Triiiimmmm

Mal soou a campainha e a molecada correu para fora da sala de aula. Primeiro os meninos. Cada um para um lado. Correndo como loucos. Um deus-nos-acuda.

Após alguns segundos e a aprovação de uma das garotas, elas também saíram correndo da sala. Todas. Menos uma. Justamente a que havia dado o sinal. Esta saiu calmamente e sentou-se no banco a observar, entre risos, toda aquela confusão.

Seus longos cabelos dourados, presos por uma faixa roxa deixavam seu belo rosto à mostra. Olhos verdes, nariz pequeno e delicado assim como sua boca.

Vestia uma blusa roxa gola em “v”, com os colarinhos e punhos levantados. Prevaleciam detalhes em dourado que combinavam com o cinto da mesma cor que ficava sobre a blusa. As pernas eram cobertas por uma calça legging também roxa que ficava por dentro da bota dourada até o joelho.

Suas mãos, calçadas por luvas douradas, seguram um chicote de cabo dourado e tiras pretas.

Voltando à correria e confusão.

Os meninos não tinham mais por onde correr. O espaço era reduzido. Alguns tentavam se esconder. Outros pararam e ficaram a esperar. As meninas se aproximavam. Corriam em suas direções. E eles se desesperavam. Pareciam fugir delas. E tentavam. Alguns conseguiam. Outros não.

Ao simples toque de uma garota, o rapaz se prostrava de joelhos e recebia uma coleira em volta do pescoço e por ela era levado de volta à classe. Este era o comportamento geral daqueles que eram alcançados. Prostravam-se e não resistiam ao encoleiramento.

Parecia ser esta a regra do jogo e, em pouco tempo, todos os garotos foram trazidos de volta à sala de aula.

Só então, a garota dos cabelos dourados, vestida estranhamente de roxo, levantou-se e adentrou a sala, onde encontrou todos os garotos perfilados contra a parede.

Parou em frente a uma cadeira e foi recebida por outra garota que lhe entregou algumas pedras.

O primeiro garoto capturado foi conduzido até a cadeira e sentou-se. Várias garotas o cercaram e seguraram de maneira que seus braços ficassem esticados e suas mãos espalmadas. Ele parecia não oferecer resistência.

A garota vestida de roxo segurava uma pedra em cada mão e as raspava uma contra a outra. Após algum tempo encostou-as nas mãos espalmadas do garoto, que inutilmente contorcia-se na tentativa de escapar.

Com um largo sorriso no rosto, voltou a esfregar as pedras e agora as apertou contra os braços do rapaz. Após algumas outras “aplicações” o garoto foi levado para o fundo da sala de aula, sentou na carteira de estudo e lá permaneceu quieto e cabisbaixo.

Assim sucedeu-se aluno após aluno até chegar minha vez.

Duas garotas me conduziram até a cadeira, onde fui dominado por várias outras. Meus braços estendidos e minhas mãos abertas.

Luciane, este era o nome da dona das pedras, estava compenetrada e mexia suas mãos com rapidez. Então, percebeu-se da minha presença e sorriu-me. Retribuí com outro sorriso.

Parando de esfregar as pedras, aproximou-se e as cravou em minhas mãos. O calor emanado pelas pedras me queimava. Ela as segurava e só após alguns longos segundos as retirou.

Enquanto curtia a minha dor, ela voltava a esfregá-las. Novamente me olhou e voltou a sorrir. Desta vez não retribuí, pois o medo e a dor me impediam. E novamente cravou as pedras em minha pele. Desta vez nos braços, que receberam mais algumas outras queimaduras.

Logo a minha sessão acabou e fui conduzido para a minha cadeira, onde esperei que os outros garotos levassem também o seu castigo, para que enfim a aula pudesse continuar normalmente.


Considerações:

Esta era uma cena que imaginava quando criança, em torno de meus 5 anos, quando ainda estudava no pré primário (nem sei se isto ainda existe). Adorava fugir da realidade e ficar viajando na imaginação. Fazia isto frequentemente, mas esta foi a primeira vez que teve algum cunho sexual.

Alguns detalhes foram acrescentados, outros omitidos, outros esquecidos e outros fantasiados. Não me lembro ao certo o que imaginava e o que inseri na minha lembrança ao longo desses mais de vinte anos.

A história é até bobinha, não tem nada de espetacular, mas me mostra que desde muito cedo já tinha minhas preferências. O tempo e o conhecimento trataram de aflorá-las e lapidá-las, mas sem pôr (phoda-se a reforma ortográfica, eu gosto de acento sim, e daí?) um ponto final, pois ainda estou longe de conhecer toda a minha sexualidade.

As pedras em questão, não são pedras. Acredito que tratam-se de sementes. Na minha infância chamava-as de olho de boi (acho que era isso – quem quiser pode jogar no google – eu não tive paciência para isto). Esfregava-se uma contra a outra, elas esquentavam e era só queimar seu primo chato ou deixar a priminha te queimar...

A descrição da roupa da Luciane, acho que não foi muito bem feita, mas acredito que alguns chegaram a imaginá-la. Porém, apesar de todo aquele roxo e tudo mais ela não estava fantasiada de “Super Gêmeos – Ativar” (se os mais novos boiarem, jogue no google). Poderia até ser parecido, mas era incrivelmente mais sexy.