sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Post 3 - Colegial, Sinestesia e uma Cadeira

Colegial, Sinestesia e uma Cadeira


Estava ainda no primeiro colegial. Há alguns vários anos atrás. Como o tempo passa rápido. Ainda era um molecote. Os pêlos brotavam na pele enquanto os hormônios explodiam dentro do meu corpo e implodiam meu juízo.

As conversas com os colegas quase sempre sobre o mesmo tema: garotas. Eram o centro de nossa atenção. Eram sempre olhadas e desejadas e, frequentemente, homenageadas.

Adorava falar sobre elas. Mas nunca o que realmente me atraía naquelas delícias. Seria suicídio. Hoje, neste mundo mais do que pós-moderno, talvez conseguisse encontrar um companheiro de preferências para partilhar meus delírios. Há quinze anos atrás seria improvável.

Mas voltando à sala de aula. Sentava-me no fundo e de lá ficava observando os acontecimentos e os seus personagens. Um em especial. Uma garota.

Seu nome era Márcia. Estatura mediana. Cabelos lisos, compridos e levemente dourados. Não tinha um rosto muito bonito, mas o conjunto era belo. O seu principal atrativo era a bunda fortemente comprimida pelas apertadas calças que vestia. Não era grande, nem larga. Tamanho médio. O que me atraía era o fato de ser bem saliente e empinada. E parecia ser bem durinha.


Estava vidrado naquele par de nádegas. Acompanhava-os com o olhar. Imaginava a textura, rigidez, maciez daquele tesouro. Em menos de um mês de aulas, não conseguia pensar em outra coisa.

Procurava me aproximar dela, mas não tinha muito sucesso. Ela era popular. Eu um zé mané. Até conversávamos bem, mas havia outros mais interessantes. As poucas vezes que ficávamos próximos não parava de pensar em sua deliciosa bunda. A única coisa que me desviava a atenção era o seu perfume que entrava em minhas narinas e se apoderava do meu cérebro.

Se ficava entorpecido com seu perfume, imaginava então como seria o cheiro daquele par de nádegas que me fascinava. Foi então que decidi tirar esta dúvida. Como não podia simplesmente enfiar meu nariz na sua retaguarda, teria que cheira-la de maneira indireta.

Era uma terça feira. Tínhamos aula à tarde. Só a nossa classe. Pra variar só alguns gatos pingados apareceram. Ela e eu, inclusive. Vestia a camiseta do uniforme. Cinza. Malha fria. Horrível. E uma calça jeans onde na região da bunda a sua coloração ficava mais clara, mais desbotada. Era incrivelmente apertada. Tanto na bunda quanto nas pernas. Não sei como ela se movia. Só de olhar me sentia sufocado. Não pela sensação de aperto, mas pelo tesão que sentia em ver aquela bunda quase explodindo e estourando as costuras da calça.

Sentou-se no meio da sala e eu no fundo. Fiquei observando. E esperando a aula terminar. Foi uma tarde longa. Muito longa. Até o sinal tocar e todos irmos embora.

Todos não. Um havia ficado um pouco mais. Precisa de um tempo extra. Para esclarecer algumas dúvidas ainda não esclarecidas. Teria a sua bunda o mesmo perfume que exalava o seu corpo?

Quase lá fora, notei que havia esquecido o estojo na sala de aula. Descuidado. Como estudaria à noite sem o meu estojo? Descuidado.

Voltei. Sozinho. Entrei na sala. Ninguém dentro. Verifiquei se alguém me acompanhava. Ninguém fora. Caminhei em direção às cadeiras e mesas. Terceira fileira da janela para dentro. A porta ficava na parte de trás da sala. Era comprida e estreita. Quarta cadeira da lousa para trás. Aí estava.

Mais uma vez olhei para a porta. Ninguém. Havia encostado-a. Apesar de ter a chave na fechadura não a tranquei. Não precisava.

Voltei meus olhos para a cadeira. Tirei a minha mochila e deixei no chão. O mesmo chão em que me ajoelhei e de onde novamente olhei para a porta.

Respirei fundo e soltei quase todo o ar em meus pulmões como querendo esvaziá-lo por completo.

Aproximei meu rosto ao assento da cadeira. Quase tocando-o. Não ousava respirar. Queria me aproximar mais. Ficar bem perto. Fechei os olhos e senti meu nariz tocar a madeira envernizada. Cerrei os dentes e liberei minhas narinas. Inspirei lentamente e logo senti um delicioso odor invadir meu nariz, meu cérebro, minha mente.

Mais uma vez. Bem lenta e profundamente. Enchendo os pulmões. Demorei a relaxar a musculatura e liberar o ar. Queria aproveitar ao máximo aquele momento.

Inspirei mais uma vez. E outra. E outra vez mais. Não mais lentamente. Agora desesperadamente. Freneticamente.

Meu nariz percorria o assento a procura das regiões mais cheirosas. Minha boca acompanhava o ritmo nasal e tocava cada centímetro daquela cadeira. Queria lambê-la, mas minha saliva tiraria o cheiro. Tinha que me controlar.

Minha ferramenta também queria participar. Estava armada. Pronta para explodir. Minha mão a encontrou, mas desistiu da idéia. Era melhor se concentrar apenas no olfato. Agora era só meu nariz. Com suas duas narinas. Trabalhando. Cheirando. Sugando ar sem parar. Como se fosse a última porção de oxigênio disponível no planeta. Como se fosse um último respiro. O último com aquele odor. Aquele que me atordoava.

Então ele chega. O último respiro. Acabou-se o cheiro. Acabou-se o momento. Sobrou apenas oxigênio. Não me interessava mais. Encontraria em qualquer outro lugar.

Parei. Afastei meu nariz do assento. Ofegante. Inebriado. Dopado. Chapado. Meu pensamento se concentrava em lembrar do cheiro que havia me intoxicado. Nada mais.

Ajoelhado em frente à cadeira ainda não havia levantado a cabeça. Estava perdido nas lembranças e odores do momento anterior. Ainda respirava fundo na tentativa de reavê-los. Não conseguia. Havia acabado. Tanto o cheiro quanto o gozo que explodira sem que percebesse. Notava somente agora, ao senti-lo grudar e pesar em minha cueca.

Acordei do transe. Não sei quanto tempo passou. Só sei que foi pouco. Muito pouco. Mas o suficiente para tirar minha dúvida.

Não. O cheiro não era o mesmo. Era levemente diferente. O suficiente para torná-lo melhor.

Os odores mais íntimos misturaram-se ao seu perfume e ao de sua roupa. O cheiro de sexo sobrepunha-se aos demais. A mistura era irresistível. Impossível de não se apaixonar. Impossível de não querer mais.

Os sentidos se cruzavam. Experimentara o cheiro, mas podia sentir o sabor. O gosto de sua bunda. O gosto do seu sexo. Cheiro e gosto. Misturados. Juntos. Em minha boca, meu nariz e minha mente. Lá dentro, no escuro do pensamento, via sua bunda, estrangulada pelo tecido e costuras, sentia sua textura, seu calor e engolia minha saliva contaminada pela lembrança do cheiro do seu sexo.

O tempo que decorreu nestes delírios deve ter sido o mesmo que passei ajoelhado cheirando a cadeira. Estava em novo transe, mas logo a adrenalina baixou, assim como o meu instrumento. A respiração voltou ao normal e meus pensamentos também.

Levantei-me. Suspirei. Olhava fixo para a cadeira. Era só o que restava daquele tesão. Havia acabado. Por hora. Até quinta feira. Quinta feira teria mais. Se ela viesse, é claro. Eu viria. Com certeza. E ela? Não me deixaria na vontade. Se não quer me dar seu corpo, que pelo menos me dê seu cheiro. Nem que seja através da cadeira onde senta.

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